quinta-feira, 24 de março de 2016


Campanha - Inicio 09/03/2016

Davi Dá Cabo De Seus Inimigos no Vale  do Sal (2 Samuel 8.13)

Capítulos 8 e 10 de II Samuel

Talvez seja útil para a nossa compreensão destes capítulos estabelecer o contexto dos acontecimentos chamando a atenção para alguns fatos relevantes:
Primeiro, os povos e os lugares sobre os quais iremos falar são aqueles que cercam o território de Israel. Eles não estão longe, mas próximos, e têm grande impacto no passado, presente e futuro da nação.
Segundo, eram esses povos e lugares que ocupavam o território dado por Deus a Israel (ver Gênesis 12:1-3; 13:14-18; 15:18-21, Êxodo 23:31) e que os israelitas não tinham conquistado, nem dominado (ver Juízes 1:1-36; 3:1-6).
Terceiro, esses povos não são superpotências internacionais, mas pequenos reinos, quase como cidades-estado. A Bíblia fala de superpotências como Egito, Assíria, Babilônia e Roma, mas não são estas que Davi e os israelitas enfrentam em nosso texto. Eles enfrentam as pequenas nações que rodeiam Israel. Para se proteger e promover seus próprios interesses, essas nações precisam se aliar a outros pequenos reinos.
Quarto, de acordo com o capítulo 7, verso 1, sabemos que esta é uma época de relativa paz. No entanto, não é uma paz permanente. Os inimigos de Israel não estão atacando o povo de Deus ou o seu rei. Os filisteus bem que tentaram - duas vezes - cortar o mal pela raiz, mas não conseguiram destruir o reino de Davi (II Samuel 5:17-25). No capítulo 8, Davi ataca muito mais do que se defende. Isto se deve, em parte, à promessa de Deus de uma paz mais duradoura nestes tempos de paz temporária:
“Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel.  E fui contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti e fiz grande o teu nome, como só os grandes têm na terra. Prepararei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar e não mais seja perturbado, e jamais os filhos da perversidade o aflijam, como dantes, desde o dia em que mandei houvesse juízes sobre o meu povo de Israel. Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos;”
Quinto, Davi age com base nessa promessa, feita no capítulo 7, quando sai ostensiva e ofensivamente para subjugar os inimigos de Israel e tomar posse da liberdade e da terra que Deus havia prometido. Aqui não há registro de que ele tenha recebido alguma ordem, nem de que esteja ocorrendo algum ataque externo (como o dos filisteus no capítulo 5). Acredito que ele age com base nas promessas feitas por Deus a Israel e nas ordens dadas anteriormente para que tomassem posse da terra. Ele não pede orientação divina porque não precisa, e não precisa porque ela já havia sido dada. Agora ele está no poder e começa a fazer as coisas que outrora foram deixadas inacabadas.

OS FILISTEUS SÃO SUBJUGADOS (8:1)

Os filisteus, situados a oeste de Israel, talvez sejam seus vizinhos mais incômodos (ver Gênesis 26:1, 8, 14, 15, 18), principalmente após a época dos juízes (Juízes 3:3, 31; 10:6-7). Sansão lutou contra eles (Juízes, capítulos 13 a 16). Foram eles que tiraram a vida dos dois filhos de Eli e indiretamente causaram a sua morte, além de levaram a arca de Deus (I Samuel, capítulos 4 a 7). Jônatas atacou a sua guarnição em Israel, precipitando outro confronto com eles (I Samuel 13:3 e ss). Davi matou Golias, um filisteu, e depois perseguiu o seu exército (I Samuel 17). Foram os filisteus também que derrotaram o exército de Israel e acabaram matando Saul e seus dois filhos (I Samuel 31). E foi entre eles que Davi procurou e encontrou refúgio (I Samuel 21:10-15; 27:1 e ss). Quando Davi se tornou rei, eles pensaram que era melhor atacá-lo logo, numa tentativa de anular a ameaça que ele representava. Eles fracassaram e Davi agora irá subjugá-los, acabando com sua tirania por um bom tempo. De acordo com a passagem paralela de I Crônicas 18:1, sabemos que a “metrópole” dos filisteus, na realidade, é Gate. Não é de admirar que Davi consiga capturá-la; ele a conhece como a palma de sua mão.

OS MOABITAS SÃO SUBJUGADOS (8:2)

Este verso é intrigante por, pelo menos, duas razões. Primeira, os moabitas parecem ter tido boas relações com Davi. A linhagem de Davi incluía Rute, a moabita (Rute 4:5, 10, 13-22). Quando pareceu que Saul iria prejudicar a família de Davi, eles fugiram e foram se encontrar com ele na caverna de Adulão (I Samuel 22:1); em seguida, ele procurou proteção para eles com o rei de Moabe (I Samuel 22:3-4). Existe uma tradição judaica que diz que o rei de Moabe traiu a confiança de Davi e fez mal a seus pais, mas isso não pode ser confirmado. Com base na relação de Davi com Hanum, rei dos amonitas, descrita em II Samuel 10, creio que é certo presumir que ele seja leal a seus amigos. 
DAVI E HADADEZER, REI DE ZOBÁ (8:3-12)
De acordo com a cronologia sugerida por nosso texto, Davi começa derrotando os filisteus, que estão a oeste de Israel. Depois ele se volta para leste, contra os amonitas. Após subjugar a ambos, ele vai para o norte. O reino arameu de Zobá fica a 40 km ou mais de Damasco, em direção ao norte. Sabemos que Saul se envolveu em confronto militar com esse reino (I Samuel 14:47). Na época, Hadadezer era seu rei. Aparentemente, ele tinha sofrido algumas perdas para o norte, onde governara “junto ao rio” (8:3). Talvez ele tenha visto os ataques de Davi a seus vizinhos do sul como uma oportunidade de ouro para voltar ao norte, onde poderia restabelecer sua supremacia. Seu plano não funcionou. Davi, ao que parece, viu a manobra de Hadadezer para o norte como uma oportunidade de atacá-lo pelo sul. Parece que, enquanto a maior parte das forças militares de Hadadezer está no norte, Davi captura seu reino no sul e, quando Hadadezer retorna, ele e seu exército encontram Davi naquilo que antes fora seu domínio. Quando os sírios de Damasco percebem que Davi é uma ameaça à sua “segurança nacional”, eles correm em auxílio de Hadadezer, mas também são derrotados (8:5-6).
O reino de Hamate fica ao norte de Zobá. Toí, seu rei, parece ter um vislumbre do desastre e toma uma atitude sábia... a rendição. Ele envia uma delegação liderada por seu filho, Jorão, para falar com Davi, rendendo-se formalmente e tornando-se seu aliado, conforme indicado pelo pagamento substancial de tributo. Toí está encantado com a derrota de Hadadezer, pois seu país estava em guerra contra ele. Tornar-se aliado do vencedor é compartilhar sua vitória sobre o inimigo.

A VITÓRIA NO VALE DO SAL (8:13-14)

Estes dois versiculos descrevem mais uma vitória do rei Davi e dos israelitas. De acordo com eles, parece que a vitória é sobre os “sírios”; no entanto, temos boas razões para dar uma olhada melhor no texto. O versículo 14 fala que os edomitas se tornaram servos de Davi. No versículo 13, há uma nota que informa que alguns textos dizem “Edom” em vez de “sírios”. A diferença na palavra hebraica é de apenas uma letra, e as duas letras são fáceis de ser confundidas. O texto paralelo de I Crônicas 18:12 mostra que os 18.000 mortos são edomitas. Ao que tudo indica, parece que eles eram o alvo. O ataque, aliás, é bem mais ao sul, o que significa que o autor descreve as vitórias de Davi a oeste, a leste, ao norte e, finalmente, ao sul. Davi derrota e subjuga todas as nações ao seu redor.

O RESULTADO DAS VITÓRIAS DE DAVI - II SAMUEL 8:15-18

O resultado de todos os feitos de Davi descritos no capítulo 8 é a derrota e sujeição de seus inimigos. Agora há guarnições israelitas nas nações vizinhas (verso 14), quando antes havia guarnições estrangeiras em Israel (ver I Samuel 10:5; 13:3-4). Isso significa que, pelo menos por enquanto, elas não podem mais se opor, atormentar ou oprimir Israel. Significa que a terra está em paz, exatamente como Deus prometera. Todos os sucessos alcançados por Davi vêm das mãos de Deus (ver versos 6 e 14). Seus domínios crescem tanto que ele tem de aumentar sua equipe administrativa e ministerial, conforme registrado nos versos 15 a 18. Onde ele reina há justiça e retidão (verso 15). Em consequência, ele ganha renome (verso 13), exatamente como Deus prometera (7:9). Além disso, o tributo pago a ele também é substancial. Ele recebe grandes quantidades de ouro, prata e bronze (versos 7 a 12). Estas riquezas são guardadas e, pelo menos uma parte será utilizada no templo que vai ser construído por Salomão (ver I Crônicas 18:8).

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