A justiça de Deus é a retidão de sua natureza, aquilo pelo qual faz o que é reto e de igual medida. "E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?" (Pv 24.12). Deus é um juiz imparcial. Ele julga a causa. Os homens geralmente julgam a pessoa, mas não a causa. Isso não é justiça, mas malícia. "Descerei e verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim" (Gn 18.21). Quando o Senhor está diante de um ato punitivo, pesa as coisas na balança, não pune de qualquer maneira; não age desordenadamente, mas de maneira lógica contra os ofensores. Em relação à justiça de Deus, devo apresentar as seis seguintes posições:
a. A justiça de Deus é santa
Deus só pode ser justo. Sua santidade é a causa de sua justiça. A santidade não permitirá que faça outra coisa senão o que é justo.
b. A justiça de Deus é o padrão de justiça
A vontade de Deus é a suprema regra de justiça; é o padrão de eqüidade. Sua vontade é sábia e boa. Deus deseja somente o que é justo e, portanto, é justo porque deseja ser.
c. A justiça é natural ao ser de Deus
Deus faz justiça voluntariamente. A justiça flui de sua natureza. Os homens podem agir injustamente, pois são forçados ou subornados.
A vontade de Deus nunca será subornada, por causa de sua justiça. Não pode ser forçado, por causa de seu poder. Ele pratica a justiça por amor à justiça: "Amas a justiça" (SI 45.7).
d. A justiça de Deus é perfeita
A justiça é a perfeição da natureza divina. Aristóteles disse: "A justiça engloba em si todas as virtudes". Dizer que Deus é justo é dizer que é tudo o que há de excelente: as perfeições se encontram nele como linhas convergem para um centro. Ele não é somente justo, mas a própria justiça.
e. A justiça de Deus é exata
Deus nunca cometeu nem nunca cometerá o mínimo erro em relação às suas criaturas. A justiça de Deus já foi distorcida, mas nunca distorceu. Deus não segue de acordo com o rigor da lei, ele alivia sua severidade. Pode infligir penas mais pesadas do que impõe: "Xos tens castigado menos do que merecem as nossas iniquidades" (Ed 9.13). As misericórdias para conosco são mais do que merecemos, e nossas punições são menos do que merecemos.
A justiça de Deus é definitiva
A justiça de Deus é tal que não é apropriado para qualquer homem ou anjo censurá-lo ou exigir uma razão por suas ações. Deus não tem só a autoridade do seu lado, mas a equidade. "Farei do juízo a régua e da justiça, o prumo" (Is 28.17). E algo inferior a ele, dar razão para nós de seus procedimentos. Qual destes dois é mais apropriado prevalecer, a justiça de Deus ou a razão humana? "Quem és tu. ó homem, para discutires com Deus?!" (Rm 9.20). A linha de prumo de nossa razão é muito curta para compreender a profundidade da justiça de Deus. "Quão insondáveis são os seus juízos" (Rm 11.33). Devemos adorar a justiça de Deus mesmo onde não vemos razão para tal.
É tempo de todos os homens se aperceberem que é inevitável, e a justiça de Deus, por fim, os encontrará.



